Antes um tabu, investir no exterior é uma tarefa bem mais simples atualmente. Veja como diversificar o portfólio sem precisar mandar dinheiro para fora.
Por muito tempo, investir no exterior foi um tabu. Era visto como algo muito trabalhoso e um privilégio para os endinheirados.
Com algumas mudanças regulatórias e o desenvolvimento de novos produtos, isso se tornou uma tarefa bem mais simples.
Por isso, a quantidade de investidores interessados em aplicar lá fora cresce ano após ano.
# Vantagens de investir no exterior
Para muita gente, os produtos financeiros disponíveis no mercado local são suficientes. Mas investir no exterior abre um mundo de novas possibilidades.
Na B3, a bolsa brasileira, são negociadas ações de um número restrito de empresas – cerca de 1% das existentes no mercado global. Quem investe apenas localmente, portanto, tem bem menos chance de diversificar o portfólio em setores variados.
Fora isso, há a questão da segurança. A economia brasileira deixou os dias de instabilidade extrema para trás, lá nas décadas de 1980 e 1990. No entanto, a volta da inflação é um temor recorrente. O dinheiro mantido fora, atrelado ao dólar, costuma estar mais bem protegido de problemas desse tipo.
Também é importante considerar que o investimento no exterior pode ajudar a balancear os resultados de um carteira nas épocas em que os mercados locais – renda fixa e renda variável – não vão bem. Imagine que uma medida imposta pelo governo modifique a tributação das empresas brasileiras.
Se todo o seu dinheiro está aplicado em produtos locais, é provável que seu portfólio inteiro sinta um pouco do impacto dessa decisão.
# O que considerar para investir no exterior
Existem aspectos comportamentais e burocráticos para avaliar antes de encarar os investimentos no exterior. Lembre-se que se investir localmente já exige estudo e dedicação, para aplicar lá fora isso é ainda mais importante. É preciso estar disposto a ler muito – e em inglês – sobre as opções que podem te interessar.
Como algumas formas de investimento embutem custos adicionais, também é importante avaliar o valor que você está disposto a mandar para fora. É preciso verificar se o esforço compensa. Peça a ajuda de especialistas para fazer essa conta antes de tomar uma decisão.
Do ponto de vista burocrático, algumas formas de investir no exterior são tão simples quanto investir em uma ação ou um título público brasileiro (você vai saber mais sobre isso logo abaixo). Outras, nem tanto.
Você talvez tenha de dedicar alguns minutos adicionais à sua declaração de Imposto de Renda, por exemplo. Isso porque todo brasileiro que tiver mais de US$ 100 mil fora do Brasil no dia 31 de dezembro de cada ano deverá informar à Receita Federal a existência desses bens na declaração do ano seguinte.
Além disso, terá de entregar anualmente ao Banco Central uma declaração específica de bens no exterior.
# Formas de investir no exterior
É possível dividir as opções de investimento no exterior em dois grandes grupos. O primeiro grupo contempla as alternativas que não exigem enviar o dinheiro para fora. No segundo, estão as que demandam, sim, uma transferência internacional. Abaixo, você vai conhecer as maneiras mais populares de fazer esse tipo de aplicação.
1. Fundo de investimento
Os fundos de investimento são uma das maneiras mais simples de investir no exterior sem precisar mandar dinheiro para fora do Brasil. Na verdade, é possível que algum fundo seu já aplique em ativos estrangeiros sem que você nem tenha se dado conta.
Isso porque fundos destinados aos investidores de varejo podem destinar até 20% do patrimônio para ativos financeiros no exterior, desde que isso esteja previsto na sua política de investimento.
Já para os investidores qualificados – que tenham investimentos de pelo menos R$ 1 milhão – os fundos comuns podem destinar até 40% dos recursos para aplicações no exterior. Mas para esse mesmo público, existem ainda as carteiras que podem ter 100% do patrimônio aplicado lá fora. Nesse caso, a exigência é de que no nome do fundo exista a inscrição “investimento no exterior”.
A principal vantagem de investir no exterior por meio de fundos é a simplicidade. Esses fundos são brasileiros e funcionam do mesmo jeito que qualquer outro – a única diferença é o fato de aplicarem em outros países. Mas a sistemática geral é igual. Eles são tributados em 15% sobre os ganhos, se forem de ações, ou seguindo a tabela regressiva do Imposto de Renda (com alíquotas de 22,5% a 15%) se forem de renda fixa ou multimercados.
2. BDR
Os Brazilian Depositary Receipts – ou apenas BDRs – são certificados que representam ações emitidas por empresas no exterior, mas negociados aqui no pregão da B3. São valores mobiliários que têm como “lastro” papéis de companhias estrangeiras.
Ao comprar um BDR, portanto, o investidor não investe diretamente nas ações, e sim em títulos representativos delas. Essas ações existem de fato lá fora, e precisam ficar depositadas e bloqueadas em um custodiante. Quem garante que isso aconteça é a instituição depositária, que emite os BDRs localmente.
Existem dois tipos de BDRs. São chamados de “patrocinados” aqueles em que a empresa emissora participa do programa, contratando ela mesma uma instituição depositária. É interesse dela, portanto, ter uma presença no mercado brasileiro e investidores do país.
Já nos BDRs “não patrocinados”, a iniciativa não parte da empresa emissora, e sim da própria instituição depositária, com o objetivo de oferecer mais opções de investimento a seus clientes. Nesse caso, é ela quem assume a responsabilidade por divulgar informações da empresa emissora, como balanços e fatos relevantes.
Atualmente, existem cerca de 200 BDRs – patrocinados e não patrocinados – disponíveis para negociação na B3. Algumas empresas emissoras são Apple, Google, Ebay, HP, entre outras. Os custos envolvidos são semelhantes aos de uma operação com ações comum. O investidor deve pagar taxa de corretagem, de custódia e emolumentos. A tributação pelo Imposto de Renda é de 15% sobre o ganho obtido nas negociações.
3. ETF
É possível investir em índices de ações estrangeiras no pregão da B3 por meio de ETFs, ou exchange traded funds. Esse é o nome dado aos chamados fundos de índices, que procuram replicar fielmente a carteira de um índice, acompanhando o seu desempenho.
As cotas dos ETFs são negociadas no pregão do mesmo jeito que uma ação individual. A diferença é que cada uma dessas cotas representa uma carteira com dezenas de papéis incluídos. Os ETFs mais tradicionais e negociados na bolsa são os que replicam a composição do Ibovespa. Mas na B3 é possível investir em fundos de índices que replicam o S&P 500, por exemplo, principal referência do mercado acionário americano.
As operações com ETFs são tributadas da mesma forma que a compra de ações. O Imposto de Renda é de 15% sobre o ganho obtido. Não há isenção para vendas abaixo de R$ 20 mil por mês, como há no caso das ações.
4. COE
Os Certificados de Operações Estruturadas – ou COEs – são um tipo de investimento que mescla características de renda fixa com renda variável. Um COE é uma espécie de “pacote” de operações financeiras, que normalmente envolvem papéis que pagam juros de um lado e derivativos do outro.
Com o uso de derivativos, eles permitem combinações de quase todo tipo. É possível investir em COEs atrelados a índices de ações, moedas de vários países, ouro, entre outros. Por causa dessa flexibilidade, esses certificados também também são uma opção para quem quer apostar em ativos internacionais.
Como no caso dos BDRs, investir em um COE não exige enviar o dinheiro para o exterior. Uma das características populares desses certificados é que muitos oferecem uma engenharia financeira para proteger o valor nominal. Assim, mesmo que os ativos aos quais o COE está ligado tenham perdas, o investidor recebe de volta o quanto aplicou inicialmente.
Os COEs têm uma taxa de administração, como os fundos de investimentos, que normalmente varia de 0,5% a 2% ao ano. São tributados pela tabela regressiva do Imposto de Renda, a mesma que incide nos produtos de renda fixa. As alíquotas variam de 22,5% a 15% sobre os ganhos, dependendo do tempo da aplicação.
5. Abrindo uma conta no exterior
Ter uma conta no exterior é legal, embora muitos brasileiros ainda acreditem que não. Se a origem do dinheiro é lícita, não há nenhum problema. Basta escolher uma das centenas de instituições financeiras existentes em países como os EUA. Em boa parte delas, é possível enviar os documentos e abrir uma conta com facilidade.
Para fazer a remessa do dinheiro do Brasil para fora, será preciso usar um banco ou corretora de câmbio autorizada pelo Banco Central. Quando a operação de câmbio é fechada, o cliente paga Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) a uma alíquota de 0,38% sobre o valor. Fora isso, há as tarifas cobradas pela instituição financeira.
A cotação do câmbio para a transferência internacional normalmente é baseada no câmbio comercial, mas com um adicional. Se o dólar está cotado a R$ 3,80, a instituição pode usar uma conversão de R$ 3,90, por exemplo. Com o dinheiro lá fora, basta começar a operar nos mercados considerados mais interessantes pelo investidor.
Há alguns detalhes para atentar nessas operações. A cobrança de impostos, por exemplo. Quem aplica em renda variável nos EUA como pessoa física paga Imposto de Renda de 15% para volumes de até US$ 1 milhão de dólares, podendo chegar a 30% para volumes superiores a US$ 20 milhões de dólares. A alíquota incide sobre o lucro obtido lá, e o pagamento é feito no mês seguinte no Brasil com um Darf (documento de arrecadação de receitas federais).
Uma diferença é que eventuais prejuízos das aplicações em bolsa nos EUA não podem ser usados para abater o imposto dos ganhos nos meses seguintes – o que é uma possibilidade para quem compra ações na B3 brasileira. A variação cambial também entra na conta, já que a apuração dos ganhos é feita em reais. As vendas de ações abaixo de R$ 35 mil por mês ficam isentas nos EUA, assim como na B3 (aqui, o teto é R$ 20 mil mensais).
Nos investimentos de renda fixa, o pagamento de Imposto de Renda sobre os rendimentos segue a tabela progressiva, com alíquotas entre zero e 27,5%.
Hoje eu uso a Avenue como corretora para investimentos no exterior, não é uma recomendação, mas acredito que vale o estudo sobre ela, visto que possui bons relatórios para seu imposto de renda, facilitando na hora de declarar, e também é voltada para investidores fora dos Estados Unidos, e com foco grande em Brasileiros.
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