5 dicas de como investir em renda variável

Antes de falar sobre dicas para investir em renda variável que tal darmos um passo atrás? Sempre que falamos de renda variável, para muita gente, parece que abrimos o armário as 3 da manhã para o bicho papão entrar. Mas não é bem assim...


Só a título de curiosidade, este ano de 2020 já batemos mais de 2 milhões de investidores na bolsa de valores brasileira, o que mostra que esse bicho papão aos poucos está virando um gato doméstico.


Mas ainda estamos muito longe de conseguir alcançar patamares como os dos Estados Unidos, onde 50% da população investe em renda variável. Isso se deve a diversos fatores, mas os principais deles são: moeda estável, juros baixos, educação financeira precoce, entre outros. Mas diversos brasileiros estão adotando essa cultura de investir pensando no futuro, por conta das enormes dificuldades que enfrentamos no dia a dia, com nível de desemprego alto, instabilidade política, renda per capita baixa, isso tudo faz com que seja necessário garantir algo para nós e para nossos filhos no longo prazo. É o mínimo que podemos e devemos fazer.


Acredito que com essa visão, possamos seguir para as dicas sobre como investir em renda variável, já que entendemos que ela não é algo tão distante assim e eu vou mostrar o porque. Vamos lá?



Dica 1: CRIE SUA RESERVA DE EMERGÊNCIA

A primeira coisa que precisamos entender é que renda variável varia. Muitas pessoas aprenderam isso na prática, e antes que você entre e saia da bolsa falando mal dela, entenda que a volatilidade da renda variável pode assustar no começo. Investir nela sabendo que o seu investimento pode sofrer quedas ao longo do período é algo importante. Por isso ao entrar na bolsa de valores, crie sua reserva de emergência primeiro. Podemos considerar como reserva pelo menos 6 meses dos seus gastos fixos. Isso lhe garante uma tranquilidade para períodos de sobe e desce da bolsa, e caso você fique desempregado, você está respaldado durante 6 meses para procurar um novo emprego.


E claro, se você conseguiu criar uma reserva de emergência é porque já sanou todas as suas dívidas, portanto esse é um passo bem a frente quando falamos de economia pessoal. Se você ainda possui dívidas no qual não está conseguindo ainda honrar, esse post não é para você.


Já com sua reserva de emergência, você pode começar a investir em renda variável, e não passará a sofrer tanto com a volatilidade do mercado.


Dica 2: ENTENDA SEU PERFIL DE INVESTIDOR


Talvez essa seja a parte mais importante na sua jornada de investidor. Conhecer qual o seu perfil é imprescindível para conseguir bons frutos na bolsa.

Muitos falam de 3 perfis de investidores, e eu vou colocá-los aqui para que você entenda quais são.


  1. Conservador - prefere investir em opções que oferecem baixo risco. Isso acaba influenciando seus objetivos, que normalmente está focado em não perder nada e, assim, preservar seu patrimônio.

  2. Moderado - seria como um meio termo entre quem é muito conservador e quem é muito arrojado. O investidor moderado é uma pessoa que ainda mantém forte interesse pela segurança, mas está disposta a abrir mão de parte dela às vezes para ter retornos melhores.

  3. Arrojado - costuma ser mais experiente e não se abala facilmente por eventuais perdas, porque entende que o saldo final, no médio ou longo prazo, os ganhos vão compensar tudo.


Você precisa entender perfeitamente onde se enquadra e não haverá ninguém que poderá fazer isso por você. Essa dica é valiosa e é ela quem dita as próximas que vamos te passar, mas entenda que uma vez escolhido o seu perfil ele é imutável, pelo contrário, você pode começar como conservador e aos poucos ir se aproximando para um estilo mais arrojado, com sabedoria e tempo.


Eu prefiro não caracterizar muito esses estilos de perfis, pois muitos dizem que o conservador é aquele que já está perto de sua aposentadoria, mas o que impede de um jovem ter seu patrimônio investido com mais segurança? Isso é muito relativo e não vamos entrar nesse mérito, apenas é preciso entender que esse jovem não terá ganhos maiores por conta de não ter tanto apetite ao risco.


Com isso prefiro definir os perfis por opções de ativos. Riscos mais arrojados tende a colocar um % maior de seu patrimônio em ativos de renda variável. Veja a figura abaixo:



Além dos perfis de investidores que há no mercado, é válido saber como você irá operar no mercado da bolsa, digo isso porque quando você comprar o seu primeiro ativo na renda variável, você precisa definir o que pretende fazer com o dinheiro investido. Logo, o seu estilo tende a ser conduzido pelos seus desejos ou sonhos. Basicamente temos dois estilos dentro do mercado financeiro, são eles: “Buy and Holder” e o famoso “Trader”.


Podemos falar em outro post mais sobre o assunto, mas é importante você ter isso em mente, visto que isso define se você pensa no curto ou no longo prazo.


Dica 3: ESCOLHA A SUA CORRETORA


Escolher a corretora é algo que muitas das vezes se torna difícil, porque no cenário atual temos algumas opções bem legais. Acontece que alguns detalhes acabam passando despercebidos e isso impacta nos seus investimentos.


Muitas pessoas quando começam a pesquisar sobre corretoras, buscam algo que para o investidor pequeno (meros mortais) conta muito, o tal do “custo zero”.


Hoje basicamente temos corretoras competindo preços para conseguir o maior número de clientes possíveis, e com isso elas reduzem as taxas de corretagem, algumas chegando a custo zero para compra de ativos. Mas atrelado podemos estar levando um pacote de problemas para casa, como por exemplo instabilidade no home broker para compra e venda, ausência de atendimento ao cliente, entre outros.


Vamos exemplificar que o ativo da Magazine Luiza caiu 30% de valor em sua cota, mas você entenda que ainda sim é um boa empresa, com bons fundamentos, você decide comprar a ação (MGLU3) na queda, afinal, está em um bom preço certo? Com isso você entra na sua corretora que você escolheu e se depara com o site fora do ar! eu diria que você se “lascou” e se as ações subirem em seguida, você perdeu uma grande oportunidade de comprar o ativo descontado.


Vai por mim, isso é muito mais normal do que imagina. Portanto quando for escolher a sua corretora, escolha pelo seu perfil de atendimento, pela sua qualidade entre outras questões importantes que fazem você se sentir seguro, principalmente se ela possui um sistema mobile bem legal, que hoje se tornou fundamental para quem gosta de usar apenas o celular.


Outro ponto importante para se escolher a corretora é saber se ela é confiável. O primeiro passo é conferir o seu cadastro na CVM, entidade que regula o mercado de investimentos no Brasil, bem como se ela possui o selo “CETIP Certifica” (Centro de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos). Esse selo possibilita as corretoras de fazer a compra de títulos privados para seus clientes. Por fim, você precisa verificar se sua corretora possui os certificados da BM&FBOVESPA, que inclui diversos fatores como a qualidade do serviço prestado a diversificação dos produtos e as ferramentas disponíveis para os clientes dentro da plataforma.


É muito importante tudo isso! Mas se você quiser pular toda essa parte, vamos adiantar algumas boas corretoras que existem hoje (Atente-se a data do post) e que você pode dar uma olhada se a plataforma delas é algo factível com o seu visual escolhido.



Dica 4: DIVERSIFIQUE OS INVESTIMENTOS


É a melhor dica para quem entra na renda variável e um dos antigos segredos de Warren Buffett e Paulo Lemann, grandes investidores na bolsa.


Diversificar é não colocar todos os ovos em uma única cesta. Faz todo sentido não? Até porque se a cesta cair no chão, você perde todos os ovos.


Parece tão óbvio, mas muita gente se esquece na hora de investir. Simplesmente ela olha as ações daquela empresa que tá bombando ou que se identifica muito e coloca toda a sua grana num único ativo. Se a ação cair 50%, o que acontece? Você perde 50% do seu patrimônio. Triste fim de um investidor iniciante!


E é por isso que a diversificação é importante. Ela é o balanceamento da sua carteira e a geração de um fluxo de caixa essencial, pois quanto mais ativos, mais dividendos e estes podem ser utilizados para re-investimentos em novos ativos, o que faz com que o juros compostos trabalhem ao seu favor.


Vamos exemplificar. Imagina que você tenha 10 ativos em renda variável e elas somem o valor total de 10 mil reais, ou seja, você investiu em 10 empresas diferentes, sendo 1000 reais em cada uma delas. Caso uma ação sua caia, ou até mesmo vire pó, você perdeu 10% de sua carteira correto? as outras empresas que representam 90% do seu patrimônio continuam lá, e até podem ter subido nesse período, o que cobriria a perda de 10% do seu ativo que caiu.


É um exemplo bem simplista, com toda a certeza, mas define bem a importância da diversificação, Quanto mais ativos, mais diversificado você está, e menos riscos você está correndo.


Ah então é só eu sair comprando ações igual a um louco que tá tudo certo?

Não!


Investir não é só comprar, requer estudo, dedicação e principalmente diversificar de verdade. E o que eu quero dizer com isso, que comprar ativos não significa que você está comprando boas empresas, é preciso analisar os fundamentos dela, o mercado em que ela atua, como está o seu marketing Share, se a empresa vem dando lucro ou prejuízos etc…


Existem diversas análises que você pode consultar rapidamente em sites especializados, que te ajudam a olhar para esses números. Mas se você escolheu ser “Trader” então você olhará apenas para os gráficos de cotação, esse que está logo abaixo.



Sendo assim você não quer saber dos fundamentos da empresa e sim o preço da cotação do seu ativo, por isso comentei sobre o perfil de investidor lá em cima, pois isso conta muito.


Hoje no mercado brasileiro existem algumas opções para se diversificar, algumas delas são:


-> Renda Fixa (Título públicos e do Governo como CDB, SELIC, IPCA+. Não fazem parte da renda variável, mas serve como diversificação de sua carteira.)

-> Ações (Ativos de empresas como Itaú, Magazine Luiza etc.)

-> FIIs (Fundos imobiliários dos quais investem em galpões logísticos, shopping centers etc.)

-> ETFs (“Exchange traded funds”, basicamente são fundos que replicam o desempenho de determinados índices dentro da bolsa de valores, como o IBOVESPA por exemplo.)


Para o investidor que está iniciando sua caminhada no mundo dos investimentos, eu indicaria começar com um % em renda fixa, um pouco em ações e um pouco em FIIs. Como você irá diversificar acredito que seja com você, de acordo com o seu perfil escolhido e apetite ao risco. Estude um pouco sobre cada um deles e volte aqui para colocar nos comentários, é essencial saber como ficou o comportamento da sua carteira. :)


Para finalizar acredito que a diversificação entre setores também não pode passar despercebido, quando falamos de ações, setores como varejo, financeiro, setores de energia, commodities, entre outros, são bons setores para diversificar. Assim, se um setor vai mal o outro pode compensar.


O mesmo prevalece para os fundos imobiliários, setores como logístico ou lajes corporativas são bons setores que ajudam na diversificação.


Dica 5: TENHA PACIÊNCIA E DISCIPLINA


Paciência é uma virtude. Todos nós sabemos, mas muitos não conseguem se segurar e acabam por fazer algo que depois se arrependem. Mas acredite, essa é uma dica valiosa quando se trata do mundo dos investimentos. E o sucesso normalmente depende disso.

O controle de si mesmo deve ser a chave para as suas tomadas de decisões, por isso evite tomá-las baseadas nas vontades momentâneas e nas emoções. Priorize sempre os seus objetivos.


Os investimentos em renda variável, mesmo com boas taxas de rentabilidade, não trazem riqueza da noite para o dia. Então, tenha paciência e continue a investir. Em algum momento você olhará para trás e perceberá que trilhou um longo caminho mesmo sem sentir a caminhada.


Se você conseguir controlar os seus ânimos terá que enfrentar outra questão, que é a disciplina. Basicamente para mim ela está atrelada aos seus aportes. Quanto mais você aporta, mais você enriquece, parece ser simples, mas não é. Ter disciplina é algo tão difícil que muitas pessoas acabam desistindo no meio do caminho.

Se puder, faça aportes mensais, ou seja, compre ativos mensalmente para compor sua carteira, e se escolher bons ativos que pagam dividendo, reinvista-os e deixe os juros compostos trabalhar ao seu favor. Você só conseguirá enriquecer se conseguir continuar com seus aportes, o resto é muito estudo, paciência e pensamento positivo!


Bons investimentos!

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